Memória
Brasília é uma utopia construída que hoje paga seu preço. A lógica modernista que prioriza o transporte automotivo gerou uma cidade que impossibilita o trânsito de pedestres. É tempo de escolher entre continuar perseguindo utopias ou encarar a realidade de maneira objetiva.
As recorrentes melhorias nas passagens subterrâneas, embora válidas a curto prazo, são apenas uma solução paliativa. Devemos fazer uma reflexão profunda acerca do real problema. Trata-se da resolução de um problema de arquitetura, a travessia de pedrestres, e não da tentativa de adaptar uma solução que, ao longo dos anos, visivelmente não se adequou ao cotidiano da cidade.
A proposta aqui apresentada obedece ao instinto primitivo do ser humano de sempre procurar percorrer a menor distância para atingir o seu objetivo. Através da legitimação da travessia de pedestres sobre a via, substitui-se a solução atual, orientada ao automóvel, pela tendência natural de priorizar o transporte peatonal e ciclístico, mais sustentável e saudável.
A PROPOSTA
Optou-se pela mais simples, barata e natural das formas de travessia peatonal: a faixa de segurança com semáforo. Ao manter a travessia no mesmo nível da calçada, democratiza-se o acesso aos dois lados do Eixão. Pedestres, cadeirantes e cliclistas podem atravessar sem interrupção e sem troca de nível, reduzindo o tempo de passagem e garantindo a segurança de todos.
A CIDADE QUE QUEREMOS
Na conclusão de seu relatório, Lúcio Costa discorre sobre como o chão deve ser restituído aos pedestres.
Meio século depois de sua inauguração, Brasília mostra claros sinais do desejo dos pedestres em retomar esse chão para si. Nos arredores das paradas de ônibus, existem inúmeros caminhos alternativos traçados pelos pedestres, resultado da busca constante pelo menor percurso.
A cidade que propomos liberta o pedestre das amarras dos percursos traçados a priori, garantindo o livre arbítrio e aumentando a segurança de todos.
Ano - 2012
Local - Brasília, DF
Equipe
Arquitetura - 0E1 Arquitetos