A premissa inicial do presente projeto de arquitetura parte da adequação do edifício-sede da antiga Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais, localizado à Praça da Liberdade, ao uso de Memorial Minas Gerais. Se a praça é a representação simbólica da produção cultural coletiva, o Memorial Minas Gerais comparece como entidade criada para reunir e difundir os mais importantes aspectos da cultura das Minas Gerais. Logo, este projeto tem como principal função adaptar a construção existente para receber as exposições concebidas pela museografia. A identificação das modificações sofridas pela edificação ao longo dos anos em função da necessidade de atendimento às distintas demandas da época norteou o projeto, e permitiu evidenciar a frutífera relação entre o antigo e o contemporâneo.
As etapas de construção da edificação – ocorridas em épocas diferentes, entre fins do século XIX e início do século XX – foram balizadoras da proposta. A recuperação da luminosidade que ambientava a escadaria monumental (presente no projeto original) constituiu-se em condicionante fundamental para este projeto. Para garantir a iluminação da escadaria, que no projeto do final do século XIX localizava-se contígua à fachada posterior da edificação, optou-se pela retirada do telhado existente sobre o espaço onde foi locado o pátio, e pela locação de uma cobertura em vidro. E é este pátio o elemento que vem recuperar o vazio existente na edificação à época dos acréscimos ocorridos ao longo do tempo.
Como o elemento que mais claramente representa a intervenção arquitetônica contemporânea no edifício, o pátio interno recebeu tratamento no sentido de fazê-lo – além de funcionar como um captador de luz natural para grande parte do edifício – funcionar como espaço de articulação entre as salas expositivas, permitindo uma fruição da edificação a partir de diversos pontos de vista, acentuando a relação entre o antigo e o contemporâneo. Na medida em que o vazio gerado propicia a conexão entre os espaços expositivos, a intenção de transformar a luz em protagonista da proposta permite a conformação espacial de uma articulação entre circulações horizontais (passarelas) e verticais (elevador e escada), conectando os diferentes aspectos da cultura de Minas abordados nas exposições.
No nível de chegada do prédio, pela Praça da Liberdade, o hall da escadaria monumental articula diversos usos de apoio à chegada e distribuição de público para as salas de exposição, como café e espaços para leitura. No pátio interno, foi criado um jardim de bromélias, exatamente na projeção do vazio. Estes espaços possuem conexão com pontos de circulação vertical que viabilizam a conexão direta com os outros pontos da edificação. Neste caso, foi fundamental que se concebesse a arquitetura mediada pela desejável relação entre os espaços antigos, considerando inclusive a estrutura existente, e a intervenção proposta.