Num pinhal quer-se uma casa. Abate-se uma árvore. Abate-se outra. Outra ainda. E outra, e outra, e outra... Quando temos casa não temos pinhal. Não!!! Caminho entre árvores. As copas permitem que a luz penetre tímida entre os ramos. Piso a caruma seca no chão e as pinhas que toco com os pés rodam à minha frente sobre a areia. Envolvido por pinheiros, fecho os olhos e sinto-os a balançar ao vento. O cheiro a madeira e resina relaxa-me.Oiço os pássaros, que não vejo, a cantar. Abanam as asas e chove caruma que se amontoa no chão e cria um ninho para quem aqui quer viver. Imagino esse ninho. Um ninho para quem vê, um lar para quem mora. Uma casa. Serpenteia entre os pinheiros esquivando-se. As paredes inclinam-se para evitar que toque nas copas. Fecha-se para a estrada abrindo-se para o pinhal que se estende à sua frente. Andar dentro de casa é caminhar evitando as árvores. Habitá-la é ser pássaro num ramo.A luz entra a Sul e espalha-se. Entra orgulhosa na casa e impõe-se. O ambiente exterior contagia o interior. Faz sol fora. Faz sol dentro. Se faz chuva.... Aqui chove sempre, chove luz, chove caruma, às vezes chove água. Se não chove faz sol, e quando brilha, caminho entre as árvores pisando a caruma seca que cai na areia. As pinhas, recolho-as para a lareira. Dentro de casa, o cheiro a madeira e resina relaxa-me. Oiço os pássaros, que não vejo, a cantar.Por cima painéis abraçam o sol e reservam energia para usar dentro. De noite o sol ainda me aquece. Num pinhal quer-se uma casa. Num pinhal tem-se uma casa. Um ninho.