Um complexo de uso misto, posicionado no maior eixo financeiro da América Latina, e também destino de design, cultura, arte, gastronomia e hospitalidade em São Paulo. Esse é o propósito do Praça Henrique Monteiro – uma contribuição significativa para o tecido urbano de São Paulo, integrando diversas funções dentro de uma estrutura arquitetônica cuidadosamente projetada e unificada.
Localizado em uma travessa da Avenida Faria Lima, em um lote que se volta para três ruas diferentes e com mais de 3 mil metros quadrados, propõe-se uma torre residencial e a primeira unidade da bandeira Pulso Hotel, unidos pelo térreo com boulevard, restaurante, bar e boulangerie; acima deles, uma praça suspensa e arborizada com vista para a rua que dá nome ao edifício.
A identidade visual que unifica todos os elementos é um dos seus pontos fortes. Trata-se de um dos poucos destinos em São Paulo com arquitetura e interiores inteiramente concebidos por um único escritório, garantindo uma linguagem unificada e uma significativa otimização dos espaços, inteligentemente articulados para garantir segurança, privacidade e eficiência do programa.
Com presença marcante, a silhueta do complexo é definida por uma combinação de blocos: a torre de quase 40 andares; o hotel Pulso, adjacente à torre; o embasamento, sob ambos os volumes, que abriga a fachada ativa composta por comércios e acessos; e a área de lazer suspensa, também compartilhada entre eles.
Nenhum volume é mais valioso que outro; independentes entre si, eles se encaixam e se complementam em cada função, com vazios sendo preenchidos pelo verde. Nas palavras de Arthur Casas, uma fachada pensada para ser “discreta, mas imponente, atemporal e sem excessos”, para assim não gerar incômodo na paisagem urbana.
Como solução estética para definir as funções no complexo, a combinação de materialidades escuras e naturais com outras mais claras e leves resulta em um delicado equilíbrio visual. Nas unidades residenciais, brises metálicos e massa texturizada em tom champanhe são complementados por guarda-corpos de vidro e forros de madeira natural nos terraços. No volume destinado ao hotel Pulso, a fachada é composta por brises com abertura em camarão, desta vez no mesmo tom amadeirado dos forros.
Os brises desempenham um papel fundamental na estética do edifício, proporcionando privacidade às unidades residenciais e não-residenciais sem comprometer a entrada de luz e ventilação naturais. Movidos pelos usuários, eles introduzem dinamismo e vivacidade à fachada, que está sempre em transformação.
No embasamento, pré-moldados em concreto definem uma linearidade horizontal para destacar sua silhueta dos demais volumes, além de demarcar contiguidade à calçada. Abaixo dela, acabamentos em placas metálicas champanhe e vidros predominam. À noite, a iluminação da fachada parte dos pilares que sustentam o embasamento para criar o efeito de dramaticidade, de baixo para cima.
Programa
A simbiose entre arquitetura e natureza foi ponto-chave para conceber um projeto tão diverso em funções. Era necessário criar um edifício conectado com a cidade que ao mesmo tempo proporcionasse harmonia e fluidez de fluxos, tanto dos usuários como das operações – que ocorrem, por vezes, simultaneamente.
Esse desafio foi equacionado com concepção de espaços mais amplos e compartilhados. É o caso do lobby, que se funde às áreas de fachada ativa por meio do boulevard alocado no térreo; e também do 2º pavimento, cujas áreas comuns de lazer com piscina e spa alocadas em um mezanino suspenso são compartilhadas entre o volume residencial e o hotel, assim como a praça suspensa, simplificando a operação. A solução está presente ainda no subsolo do empreendimento, onde áreas de serviço, apoio, carga e descarga são integradas.
Enquanto a fachada voltada para a rua Henrique Monteiro concentra as funções comerciais, a face do empreendimento voltada para a rua Fernandes Coelho, mais resguardada, abriga o acesso exclusivo ao residencial. Já a rua Bianchi Bertoldi acomoda os acessos de serviço e descarga.
Além disso, o emprego de rampas leves nivelam o acesso aos diferentes volumes do empreendimento, organizando acessos exclusivos para cada ocupação e acomodando ainda a infraestrutura de apoio a emergências de uma torre de andares numerosos. Durante o processo, a equipe de arquitetura lançou mão da validação de uma série de consultores e clientes, com o objetivo de alcançar transições tão suaves quanto imperceptíveis.
Trabalhando com tipologias contrastantes em um projeto tão amplo, a opção foi por ater-se a unidades residenciais e quartos de hotel mais sucintos e aconchegantes, destinando pés-direitos mais generosos para os espaços ao ar livre e de lazer compartilhado, estimulando a presença e permanência de hóspedes, moradores e visitantes nesses espaços.
As unidades residenciais
Com eficiente planta arquitetônica de 232 m², os apartamentos projetados por Casas dispensam corredores, trazendo livings de dimensões generosas com 18 m², cercados por uma vista panorâmica. A área de convívio social oferece um perímetro de 24 metros de transparência, com abundante entrada de luz e ventilação proporcionada por brises móveis na área do terraço. Cozinha, áreas de serviço, lavabo e banheiros secundários foram otimizados com dimensões reduzidas, levando em consideração que este é um apartamento urbano, inserido em uma cidade que já oferece uma gama de serviços. "Meus projetos têm como ponto de partida o homem e suas necessidades, o convívio e a melhor relação com a paisagem", reforça o arquiteto.
Conexão com a cidade
O Praça Henrique Monteiro atua como catalisador de uma transformação significativa na rua de mesmo nome. Ao longo de 57 metros, o passeio público se expande para além da função de percurso, promovendo a permanência e o convívio com a adição de mobiliário urbano, alargamento das calçadas e a criação de uma área verde frontal.
Com recuo de 9 metros em relação à rua, o boulevard arborizado convida o pedestre a explorar o ambiente, onde se encontram o lobby aberto do hotel, Bistrô Charlô, Cha Cha Boulangerie e o Bar Sarau – todos com uma rica programação cultural e artística que anima o espaço. A vegetação exuberante, com plantas de grandes folhas e ipês, reforça a conexão com a natureza, oferecendo privacidade aos visitantes, moradores e hóspedes.
Logo no piso superior, um jardim elevado privativo de uso exclusivo do empreendimento oferece um espaço contemplativo com vista panorâmica para a rua. Um volume envidraçado, suspenso a 9 metros do solo, abriga a área de lazer residencial e do hotel, com piscina, academia, spa, área de descanso, vestiários e sauna, se volta para a copa das árvores plantadas na praça elevada.
Pulso Hotel e fachada ativa
O Pulso Hotel se propõe a redefinir a hospitalidade como parte integrante da vida cultural, promovendo um diálogo entre a dinâmica cosmopolita e a produção artística de alto nível. O edifício abraça a vida urbana, facilitando interações vibrantes com a cidade por meio de um acesso sem barreiras e de uma fachada ativa dinâmica.
Cada estadia em suas 57 suítes – que variam de 32 a 64 m² – oferece uma experiência distinta, com móveis e objetos cuidadosamente selecionados, incluindo peças raras e antigas, além de fotografias, pinturas e gravuras inspiradas na paisagem paulistana, com curadoria da equipe Studio Arthur Casas, que garimpou feiras e lojas de antiguidade para produzir o espaço. A seleção de móveis inclui peças de designers brasileiros como Sergio Rodrigues, Percival Lafer e Geraldo de Barros.
No jardim interno do hotel, integrado à arquitetura e à vegetação ao redor, a obra de arte "Mácula", de Nuno Ramos, é exibida ao ar livre. Pelo mesmo lobby, os hóspedes podem acessar os pontos gastronômicos: restaurante Bistrô Charlô (onde o restaurateur Charlô Whately oferece um menu francês com influências italianas, espanholas, portuguesas e brasileiras); Cha Cha Boulangerie (que combina café, boulangerie, rotisserie e loja gourmet); e o Sarau Bar (um ambiente acolhedor e intimista com pocket shows semanais e drinks assinados pelo premiado bartender Gabriel Santana).