O cliente encomendou um projeto que transmitisse os valores e imagem do grupo internacional. Modernidade, sustentabilidade e eficiência foram as diretrizes do desenho do edifício, localizado junto à sua zona de operação e depósito de minérios localizada no sudeste da Ilha da Madeira em Itaguaí, estado do Rio de Janeiro. Um dos conceitos de operação do grupo Trafigura é que executivos e operadores trabalhem in loco, e não em escritórios remotos na cidade do Rio de Janeiro ou em outras sedes da empresa.Para tal, o design do prédio, embora tenha um caráter industrial, exigia a beleza e conforto que atendessem ao alto executivo, ao cliente ou acionista que se utilizem do espaço.
O terreno de aproximadamente 5000 m² estava limitado de um lado pela Marinha do Brasil onde estão sendo construídos submarinos nucleares e do outro pela operação de minério da própria Porto Sudeste. Uma área plana existente, elevada 12m da via principal foi escolhida para o térreo da edificação. O espaço entre a extensão deste térreo e o terreno natural foi ocupado por um estacionamento em subsolo aberto para a lateral aumentando sua imponência visual no espaço. Atravessando a zona de estacionamento, através de uma rampa, o usuário acessa uma praça de chegada com capacidade de estacionamento temporário e manobra de ônibus e um área para embarque e desembarque de pessoas. Este nível distribui os fluxos de funcionários e visitantes pela edificação ao acessar uma grande praça central ligada à recepção, ao auditório e a um espaço externo coberto onde o público pode contemplar a operação de minério da Porto Sudeste.
Uma recepção generosa de grande impacto faz a transição entre o público e o privado, basicamente separados entre o térreo e o nível superior. No mesmo nível da recepção encontram-se todas as salas de reunião e área de visitantes, evitando que estranhos circulem na zona de trabalho do edificio. Na continuação das salas de reunião temos o auditório e cômodos anexos reservados a eventos de formação e workshops. Já no sentido contrário encontra-se o refeitório com infra-estrutura completa de serviços, inclusive sala de jantar reservada pressupondo o uso deste espaço não só pelos funcionários mas também pelo público externo. O pavimento superior foi dedicado integralmente a área de produção e tratado integralmente como open space. Zonas de convívio nas extremidades possibilitam aos funcionários um espaço de “chill out” durante o trabalho.
A materialidade da arquitetura reproduz a austeridade e simplicidade dos materiais manejados pelo cliente. Aço cortem, concreto aparente e ferro interligados por grandes panos de vidro, transparecem a ligação clara com a identidade do cliente. Já a forma curva se adapta idealmente ao formato do terreno e remonta às embarcações contrastando com as linhas retas dos equipamentos, esteiras e máquinas de produção existentes do pátio industrial anexo.
Por exigência da Marinha do Brasil, baseada no sigilo de suas operações na área, não poderíamos abrir janelas na direção do seu estaleiro. Propusemos, portanto, seteiras acompanhando a forma curva e recortadas como escamas na empena cega. Desta forma, em algumas áreas comuns, possibilitamos acesso visual à zona de produção que pelas suas dimensões, apresentam um espetáculo à parte. Unindo todos estes volumes propusemos uma grande cobertura espacial com algumas aberturas criando um microclima na praça sob ela. O resultado obtido foi aprovado pelo cliente ao transmitir pela arquitetura os conceitos e imagem da empresa, com os traços de brasilidade necessários.