Os elementos naturais da paisagem geram os princípios de ocupação humana do território: linhas de festo e de vale, linhas de aguas e respectivos grupos de vegetação, afloramentos de rochosos.
Por meio destes simples elementos define-se a gramática elementar de todos os sistemas de ocupação do território, mesmos os mais complexos.
A proposta colocase no âmbito destes princípios e apoderase deles, estruturando-se como uma sequencia de evidencias naturais de construção do território: a agua , a topografia, a vegetação, a procura dos elementos arqueológicos que reconstroem a historia do sitio. Os novos elementos que se introduzem não são nada mais que novos sinais naturais , destinados a sobreporse às estratificações do território e a tornarse, um dia, a nova arqueologia do sitio.
A área do futuro parque do Paço de Giela e’ lindíssima nas suas relações territoriais e de vistas longínquas através dos pequenos vales que enquadram, como molduras, paisagens bucólicas ponteadas de aldeias e de rios.
A ideia do projecto do parque e’ intervir com poucos fortes traços , que sublinhem e exaltem a topografia violenta do território sem o ocupar. A analise do sitio mostra como a verdadeira área de intervenção, ou seja a área onde a topografia acidentada do terreno e a falta de infra-estruturação viária permitem intervir, e’ na realidade muito pouca.
A grande extensão dos equipamentos requeridos pelo programa ,teria facilmente levado a uma ocupado e uma “urbanização” excessiva do solo, cujo valor , do nosso ponto de vista , e’ pelo contrario a sua naturalidade romântica que se procurou preservar. Por isso a proposta tenta fazer uma síntese muito grande em relação ás superfícies dos elementos propostos; o hotel e’ construído numa quebra natural do terreno de forma a ficar, na sua quase totalidade, abaixo da cota principal dos percursos pedonais do Paço, desaparecendo como “volume construído”; O anfiteatro, ao contrario do que se poderia supor numa primeira analise, coloca-se paralelamente ao vale principal estruturando-se através de dois edifícios , quase dois grandes muros de contenção do terreno das encostas: dum lado o palco do outro o publico. O vale fica a escorrer livremente entre estes dois volumes. As tribunas para o publico não ocupam se não parcialmente o solo, mas estruturam-se em filas sobrepostas , constituindo um verdadeiro edifício de assentos e percurso.
A mesma síntese e’ presente na própria estrutura do parque que se constrói através de dois percursos pedonais principais, paralelos entre eles e com orientação norte-sul: o primeiro e’ o “Percurso do Paço”, construído na linha de festo da colina, e alongado ate’ ao limite da cumeada para sul, de forma a ligar-se à zona da antiga porta do recinto do Paço , recuperada e integrada num novo espaço de estadia e ‘entrada do parque’ – o Miradouro da agua; O segundo e’ o percurso de acesso ao parque , na linha de vale , que liga a zona de chegada/estacionamento ( correspondente também à zona do palco do anfiteatro exterior e das áreas de serviço pavimentadas adjacentes ao mesmo), com a zona central do parque . Um novo ‘jardim temático’ – o Miradouro da agua, liga os dois percursos recebendo a antiga levada que chega de sul, e recuperando as ruínas da antiga porta do muro perímetral do Paço, e reencaminha o visitante que chega do vale do anfiteatro para o percurso histórico do Paço, que se liga também com o restaurante do hotel e a loja.