O projeto para o Parque Municipal da Tamarineira
propõe desenvolver um parque que possibilite uma experiência onde o humano
possa entrar em contato consigo através do outro, ou em vivências mais próximas
da natureza. Um parque onde o cuidado consigo, com o próximo e com o mundo seja
o mote principal das intenções ali realizadas. Acreditamos no lúdico, na
educação, no cultivo da terra, no contato com a memória e com a história, no
lazer e no entretenimento, na integração e no encontro das pessoas, na promoção
do cuidado.
Sugerimos um parque que gere
alegria e bem estar, e que também instigue o silêncio enquanto forma de
expressão. Um parque para se cultivar encontros, reflexões, saberes, diversão,
uma árvore, um beijo, cócegas, emoção, sentimentos, a alma, a mente e corpo
são. Um parque para se cultivar humanos.
A proposta de implantação toma
como partido a criação de quatro eixos que visam responder aos desafios
descritos a partir do conceito de parque de cuidados. Para tal, foram criados
quatro eixos: da Memória, da Terra, das Artes e do Indivíduo, Uma vez que
podemos ver um ser humano como um ser formado pelo tempo, pelo espaço, pela
sociedade e sua cultura e por sua individualidade (corpo, alma, espírito). Cada
eixo surge de demandas específicas e tem como objetivo responder socialmente às
necessidades pertinentes ao homem contemporâneo.
Eixo
da Memória [sul]: cria-se um eixo
onde o visitante possa entrar em contato com a história da psiquiatria e com a
própria história do hospital. Espera-se, através do conhecimento e da
sensibilização contribuir para a desmistificação que envolve o paciente
psiquiátrico.
Eixo
das Artes [oeste]: Nele dispomos
equipamentos ligados às manifestações artístico-culturais, tais como:
cine-teatro, galeria de exposição de artes plásticas, livraria, restaurante,
café, esplanada para apresentações diversas.
Eixo
da Terra [norte]: Um espaço para
promover o contato direto com terra, seja de forma contemplativa ou ativa.
Movido por ações educativas, o parque proporcionará áreas que estimulem os
conhecimentos e nos tornem mais conscientes do meio ambiente que nos cerca. São
galerias, auditórios, salas de pesquisa, ateliers, horta, borboletário e a mata
que se transformam em elementos de educação ambiental e de lazer e geram áreas
de permanência amena, contemplativa e agradável.
Eixo
do Ser [leste]: Integra um conjunto
de prédios voltados ao cuidado psicossocial. Fazem parte desse eixo a emergência
psiquiátrica, o CAPSad (Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas), e o
Centro de Convivência - um dispositivo estratégico que propõe a reinserção
psicossocial, com atividades diversas, aberto à população de uma maneira geral,
possibilitando a integração dos usuários da rede de cuidado mental com outros
visitantes do parque. Esses equipamentos
alinham-se as novas diretrizes da reforma psiquiátrica mais recente. Por isso,
pedem novos prédios mais adequados a normativa vigente.
Todos os quatros eixos
iniciam-se nas suas respectivas extremidades e culmina no edifício central, que
corresponde ao hospital Ulysses Pernambucano, que por sua vez é formado por quatro
pavilhões e um pátio central que os une. Cada pavilhão é destinado a um dos
eixos temáticos, fazendo do edifício central o grande articulador deste
partido. Para proporcionar uma maior integração destes eixos temáticos, no
pátio central é criado um elemento rampado que amarra e possibilita ao
visitante percorrer todos os pavilhões de forma a explorar o espaço na sua
máxima plenitude.
No desenvolvimento da proposta, novos usos e equipamentos
foram criados, substituídos, subtraídos, deslocados ou, simplesmente,
alterados. Tudo para viabilizar conforto e adequação dos espaços do parque para
os visitantes. Nesse sentido, optou-se sempre por adotar novos usos para
prédios já existentes e novos prédios para os usos que permaneceram. Assim,
possibilita-se que usos existentes tenham instalações compatíveis com as
demanda e exigências atuais, e que os espaços antigos possam ser requalificados
para receber seus novos usos.
Quanto à escolha dos materiais
utilizados nas intervenções realizadas no parque, seja a construção de novos
edifícios, seja a adequação de edifícios existentes, optou-se por trabalhar
basicamente com três elementos: concreto, aço e madeira. Essa escolha se deu,
para facilitar a leitura do conjunto existente, deixando bem marcados o velho e
o novo através da diferenciação tectônica desses elementos. Dessa forma,
evidenciam-se os edifícios tombados de maneira mais imediata, ajudando-os a
ficar em posição de destaque.