No local da antiga Igreja Matriz de Vila Flor, à séculos em ruínas, ergue-se hoje um novo local de culto à Nossa Senhora, a da Flor.O carácter sagrado e religioso, conferido ao local, pela existência outrora da Igreja, a memória colectiva dos habitantes e o facto de ser um ponto determinante na estruturação da malha urbana do aglomerado, determinaram a escolha do sitio para a sua implantação.No local ainda existem parte das ruínas da antiga Igreja. Não tendo um valor arquitectónico ou patrimonial relevante, optou-se, no entanto, por respeitar a memória da Igreja e tirar proveito estético dessas mesmas ruínas, consolidando-as. A nova capela foi implantada no interior das ruínas, promovendo um diálogo permanente entre o passado e o presente. O que outrora era o espaço interior da Igreja, é agora o volume da nova capela.De forma a respeitar a sua envolvente urbana e arquitectónica pretendeu-se criar um objecto que pelas suas formas, cores, texturas e volumetria, seja discreto, de linguagem formal pura e simples mas ao mesmo tempo digno e com personalidade.O cubo foi a forma escolhida. Pela simplicidade, equilíbrio, e aspecto sólido, da sua forma, o cubo foi ao longo da história do homem, nas mais variadas civilizações, símbolo da estabilidade, da sabedoria, da verdade e da perfeição moral. É a imagem da eternidade.A sua simplicidade formal responde na perfeição, tanto às preocupações de enquadramento arquitectónico, como às funções a que se destina. De forma a criar um espaço vocacionado para a meditação, optou-se por criar a imagem de um cubo fechado ao exterior. A simplicidade volumétrica exterior é reflexa da simplicidade espacial interior.Sendo uma construção nova, pretendeu-se assumir uma linguagem formal contemporânea, recorrendo a materiais e técnicas dos nossos dias, como o betão, mas ao mesmo tempo em diálogo com outros materiais de características artesanais e tradicionais na zona, como o tijolo de "burro".