O campus Cabral da UFPR vai além de um projeto arquitetônico. É a possibilidade de estabelecer um novo horizonte para o modelo educacional do Brasil. O projeto reforça e potencializa a experiência, a interação entre os cursos de graduação, à comunidade acadêmica e a sociedade.Mais do que formar profissionais, a instituição de ensino deve ser um espaço de experiência, inventividade, formação de futuros cidadãos. A proposta é transformar a universidade em um centro de referência, um modelo eficiente de formação acadêmica e resgate de Curitiba à vanguarda do desenvolvimento e da implantação de ideias e planejamento.Na primeira etapa, o projeto prioriza a ocupação da elevação sul do terreno. O layout oferece maior número de salas de aula além de iluminação indireta da fachada sul e uma vista privilegiada para a praça Brigadeiro Mário C. Eppinghauss.Considerada peça emblemática do projeto, a biblioteca ocupa espaço central do campus. Outro elemento de referência são os auditórios localizados de frente ao IPPUC. Os auditórios maiores oferecem acesso à praça, convidando novos públicos ao espetáculo, enquanto os auditórios menores oferecem abertura para o foyer e a possibilidade de formar um grande centro para reuniões e conferência de maior porte. Embora sejam soluções simples, a proposta reforça que a universidade pública deva sempre promover o diálogo e a interação entre os espaços e seu entorno.O projeto apresenta dois conceitos principais: a experiência e a interação. O primeiro deles está ligado à área de criação e para isto o campus oferece aos usuários o máximo de experiência espacial possível com diferentes formas de usar o prédio, além de soluções inteligentes que proporcionam a incidência da luz de forma eficiente.Os espaços comuns apresentam um tratamento especial no projeto. A interação passiva entre os cursos é uma forma de aprendizado dentro do campus. O diálogo entre os diversos segmentos é considerado comocombustível para a criatividade e para a interação social, promotora de conhecimento e formação cidadã.A transição fluida e otimizada dos usuários e visitantes da universidade foram um fator determinante na ocupação do térreo. Para tanto, foi utilizado o método de otimização de caminhos desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Frei Otto, em 1991. O sistema é capaz de reconhecer múltiplos pontos de interesse, criar uma rede de interconexões e a relação entre todos eles. Cada linha tem uma força de atração que, em conjunto com todas as demais, formam um sistema que se auto-organiza e emerge um resultado único de otimização de caminhos. O resultado emergente do sistema forneceu os eixos de fluxo dos usuários do edifício no térreo — o que naturalmente influenciou em sua ocupação e nos demais pavimentos.Preocupado com a disseminação do conhecimento e o convívio entre a universidade e a comunidade, o projeto propõe que o térreo seja um espaço mais fluido, convidativo ao debate e a interação. A solução foi implantar uma praça no centro do campus. Além de ser um ponto de referência co-presencial entre os blocos, a praça cumpre opapel de fomentar a cultura e o diálogo com o espaço externo.O rebaixamento da parte central do campos se faz necessário para garantir as questões ambientais dos usos do subsolo, além de criar um novo espaço de convívio no campus. A área proporciona uma nova dinâmica entre as pessoas que cruzam a universidade. A possibilidade de diferentes perspectivas para quem está dentro e fora começam a ser multiplicadas e sua transparência permite tanto a luz como entendimento visual do uso periféricos. Na segunda etapa do projeto, as salas de piano poderiam ser transferidas para esse setor que teria sempre um públicoencantado com a perspectiva e com a qualidade do som que preenche o campus.Centro público localizado em uma área nobre da cidade, o campus deve ser exemplo em recolha e tratamento de resíduos. Iniciativas como a utilização de papel branco certificado (FSC), destinação correta delâmpadas fluorescente, óleo, baterias, pilhas etc; devem fazer parte do currículo da universidade.O novo campus também ressalta a importância de promover qualidade ambiental interna. O projeto estabelece ventilação cruzada e panos de vidro com possibilidade de abertura para minimizar o uso de arcondicionado (reciclagem do ar e temperatura); sombreamento das fachadas de maior insolação e transparência nas de menor, assim proporcionando vistas para a área externa; envoltória do edifício pensadas para minimizar a troca de calor; controle acústico nos ambientes necessários; otimização na organização dos ambientes; e a busca do nível ideal para cada uso.