A um primeiro olhar o
projeto para uma faculdade de arquitetura estadual, localizado na área central
do Rio de Janeiro nos traz o desafio de adequar uma nova arquitetura num
território com ocupação imprecisa, solicitando da nova construção um acerto de
contas entre os lotes de geometrias distintas, a imbricada condição
urbana e as construções que pretende harmonizar. Podemos definir as
principais condicionantes para o projeto como sendo:
A utilização dos frontalidades
existentes nos lotes para a vinculação do conjunto construído às quatro ruas.
A ocupação extensiva da área com
o embasamento do edifício, para a conter o grande programa de uso
público e privado.
A definição de um volume
minimalista sobre o terreno, reforçando a ideia de leveza.
O retorno do pórtico da Academia
Imperial de Belas Artes a seu lugar de origem.
A recuperação do eixo
monumental, localizado na Rua Imperatriz Leopoldina, ligado o pórtico a Praça
Tiradentes.
Revitalizar o entorno imediato
do terreno, degradado pelo tempo e pelo uso e ocupação do solo atual.
O partido adotado considerou as
premissas expostas no programa que define claramente três setores distintos
para o edifício: um de uso público, um de uso semiprivado e um de uso privado.
Optou-se pela criação de três blocos modulares integrados pelo átrio central.
Busquei um edifício que seja um
elemento integrador que estabeleça uma nova ordem para o conjunto,
articulando-se com as preexistências proporcionando a requalificação pretendida
estabelecendo novos horizontes à área central da cidade.
Optou-se por resolver a área de
convenções, apoio técnico, serviços e em um nível de subsolo semienterrado
reduzindo a área de ocupação do mesmo sobre o terreno possibilitando folgas nas
bordas e a montagem do futuro canteiro de obra no local.
7.1.2.
Algumas indicações de implantação
▪ A intencionalidade de criar um
espaço público de congregação entre os passeios públicos e os acessos
principais junto à rua, enfatizando o caráter público do conjunto. Além da
criação de uma grande circulação seguindo as linhas de força do projeto,
terreno e pórtico tombado reintegrado ao contexto urbano e histórico da área.
▪ Um dos acessos de pedestres
está situado na Avenida Passos e também teríamos um acesso nobre de pedestre
pela Travessa de Belas Artes, onde encontramos o acesso pelo pórtico tombado
que seria requalificado para o átrio central da edificação. Já os acessos de
serviços e cargas leves e pesadas são dados pela pequena Rua Gonçalves Ledo uma
rua tranquila sem muito movimento de carros, perfeita para o uso de serviço.
7.1.3.
Conforto, eficiência e instalações prediais
As soluções de conforto
ambiental e racionalização das instalações prediais refletem-se nas próprias
decisões da arquitetura:
▪ Altura de 4,30 metros piso a
piso: favorecendo a rede de instalações sobre forro.
▪ A faculdade é protegida nas
duas fachadas maiores (leste e oeste) por dupla lâmina que determina espaço de
transição onde o ar circula ascendentemente funcionando como proteção térmica e
onde o ar que penetra nas salas é filtrado e resfriado por meio de vegetação e
micro aspersão de água.
▪ O uso intenso da “cobertura
verde” visa criação de micro clima.
▪ O uso de dupla cobertura no
átrio para a penetração dos ventos entre as camadas aumentar o conforto térmico
dos usuários nas áreas de convívio, já no inverno onde as temperaturas menores
podem diminuir mais ainda com a utilização desse sistema, está previsto brises
móveis que podem ser fechados no inverno evitando que os ventos penetrem sobre
as camadas.
▪ Adoção de sistemas que reduzem
a incidência de radiação nas fachadas.
7.1.4.
Outras questões importantes abordadas e incorporadas ao projeto
▪ Separação de lixo reciclável.
Seleção prévia do lixo nas diversas modalidades.
▪ Sistema de reuso de águas pluviais,
para limpeza e irrigação, através da implantação de cisternas no subsolo junto
ao reservatório inferior.
▪ Racionalização dos sistemas de
infraestrutura predial, com caminhamentos em poços de inspeção (shafts).
▪ Uso de pisos externos que
evitem a impermeabilização do solo.
7.1.5.
Sistema de condicionamento artificial
O sistema de ar condicionado se
resolve por central de água gelada colocada sob o subsolo da faculdade, com
isolamento acústico adequado.
A disposição das casas de
máquina nos blocos de serviços permite dividir o prédio por setores conforme
orientação solar e de cada conjunto saindo dutos diferentes atendendo às salas
periféricas, centrais e voltadas para a circulação.
7.1.6.
Sistema estrutural
O conjunto é concebido em
estrutura de concreto protendido com modulação de 12x12m. A laje, em
grelha, foi calculada para uma secção de 0,90m. Esta configuração
flexibiliza o piso em toda sua extensão.